Um relato muito interessante sobre desdobramento
consciente está no livro “Jardim dos Orixás” do médium Norberto Peixoto e vem
bem a calhar nessa época do carnaval, pois explica em pormenores como funciona
um dos muitos centros de vampirização dos encarnados localizados no umbral. Esse
relato está no capítulo 3 desta obra, intitulado “Correntes astrais coletivas
de pensamentos parasitas”. Eis o relato de alguns parágrafos dessa experiência
projetiva:
"Existe um preto velho, de nome Pai Quirino, que nos
assiste regularmente e que raramente se manifesta através da mecânica de incorporação
nos terreiros, e por esse motivo é pouco conhecido da maioria dos umbandistas. Contudo,
trabalha arduamente no Plano Astral, sob a égide da Umbanda, como auxiliar extrafísico
de muitos médiuns, sendo "especialista" em incursões nas organizações
das regiões umbralinas, onde atua como um tipo de guia
"turístico"para grupos de medianeiros em visitação de estudo.
Na sua penúltima estada terrena, Pai Quirino, tendo
sido um evangelizador franciscano atuante nos pobres vilarejos cariocas na
época efervescente após o fim da escravidão, muito auxiliou os negros doentes e
maltrapilhos que deram início ao que resultou no cinturão de favelas que cercam
a capital carioca. Tendo fortes vínculos com esse bloco cármico de espíritos
desde épocas que remontam à escravidão do Império Romano, quando foi implacável
e culto senador escravocrata, em sua última encarnação, no século passado, veio
como negro na cidade do Rio de Janeiro. Tendo nascido e crescido no berço do
samba, da mais pura boemia e malandragem carioca dos arcos da velha Lapa, desde
criança mostrou-se um pacificador, incapaz de esmagar uma mosca, e de grande
inteligência.
Entre composições e saraus musicais na Escola de
Samba do morro, completamente inserido na comunidade, ajudou a desarticular
várias quadrilhas de traficantes e cáftens em todo o ex-Estado da Guanabara, comandadas
por antigos generais e senadores romanos, encarnados numa minoria étnica e
social excluída do progresso no Brasil contemporâneo.
Esse preto velho, Pai Quirino, apresenta-se a nossa
clarividência vestido todo de branco, tendo entre 60-70 anos, com um brilhante
colete amarelo-dourado sobre uma camisa de alva seda reluzente. Muito
sorridente, simpaticíssimo, de aguda inteligência, bem-falante, versátil comunicador,
aproximadamente 1,70 m. de altura, magro, de barba branca bem aparada e calvo. Quando
se aproxima de nós, caminha num gingado matreiro, como se fosse um
porta-bandeira à frente de uma escola de samba, e nos fala ao ouvido pausadamente:
"Vamos, vamos, irmãozinho velho, sai do corpo, te mexe, Pai Quirino chegou
para te levar a passear nos morros da verdadeira vida", e dá uma sonora e
gostosa gargalhada.
Na noite passada nos vimos conduzido por esse
arguto Auxiliar a um sítio do Umbral muito semelhante, em sua geografia
astralina, às montanhas da Serra do Mar. Era um vale de um verde escuro, abafado,
parecendo floresta tropical de um odor sulfuroso que de início nos fez arder um
pouco o nariz, mas não a ponto de nos transtornar. Mostrou-nos várias
construções para os visitantes encarnados desdobrados durante o sono físico se
deleitarem nos prazeres sensórios. Entre salões de jogos, refinados bares
musicais com todo tipo de alcoólicos e entorpecentes, restaurantes com as mais
finas iguarias que podemos conceber, boates e ruas de diversificado meretrício,
surpreenderam-nos as majestosas construções hoteleiras desta estação de prazer umbralino.
O amigo, imediatamente "lendo" nossos
pensamentos, levou-nos para conversar com um "gerente" de um desses
hotéis. Com muita simpatia, fomos informados que de momento não havia quartos
disponíveis, e que para os cômodos mais simples havia uma fila de espera de uma
hora aproximadamente.
Perguntei o motivo de tanta procura e o
"gerente" nos informou que
aquele horário da noite era o pico do movimento nessa cidadela, colônia
de todos os prazeres carnais para satisfazer os encarnados. Se aguardássemos um
pouco, mais próximo do amanhecer, muitos visitantes já teriam despertado no
corpo físico, diminuindo a ocupação dos quartos.
Diante da minha falta de entendimento do porquê dos
hotéis e quartos, o gerente, muito amistoso pelo fato de estarmos acompanhados
de Pai Quirino, nos informou, rindo maliciosamente, que os visitantes se
hospedavam, iam jogar e beber nos cassinos e boates, depois voltavam
acompanhados de belas e sensuais mulheres para terminarem o turismo noturno nas
majestosas dependências dos confortáveis hotéis. Continuamos nosso
"tour". Minha estupefação apenas tinha começado. Pai Quirino nos mostrou
os outros hotéis e visitantes daquela estância "paradisíaca" do
umbral inferior. Para nossa completa surpresa, e pela limpidez clarividente que
esse amigo nos proporcionou, enxergamos enormes grupos de agitados padres,
monges, freis, internos e ascetas em geral, do Catolicismo e outras religiões
da Terra, projetados em seus corpos astrais, entregues a ansiedade alvoroçada
diante da iminência de se locupletarem nos prazeres terrenos. Pai Quirino nos
disse: "O espírito não suporta um bloqueio abrupto de suas disposições
mais íntimas...".
Na sua simpatia, elegância e matreira
espontaneidade, continuou o comentário: "Muitos religiosos são beatos para
os crentes da Terra, mas durante o desprendimento natural provocado pelo sono
físico se mostram legítimos obsessores das operárias do sexo. Sendo elas mulheres
sensuais e libidinosas do astral inferior, endurecidas pelos .sofrimentos e
maus-tratos, na sua maioria são extremamente sinceras e fiéis aos seus ideais,
embora tortuosos. Ao contrário da hipocrisia e dissimulação costumeira dos que
as procuram para satisfazer seus desejos represados por compromissos religiosos
na carne, de que no universo astral ficam desobrigados, como se estivessem em
sonho prazeroso que ansiarão repetir novamente."
Continuando nossa visitação, nos encontrávamos
curiosos sobre o motivo de tanta simpatia e bom trato dos habitantes do complexo
hoteleiro de diversão e deleite mundano para com os encarnados, e como as
construções eram mantidas, limpas e confortantes. Pai Quirino nos esclareceu: "As
energias densas liberadas pelos prazeres intensos dos encarnados são o
verdadeiro alvo de todas estas construções, na verdade um bem arquitetado
centro vampirizador de fluidos. Como bem tratadas vacas leiteiras ordenhadas em
tantos litros diários de leite para o desjejum dos hóspedes de uma pousada
rural, os visitantes ébrios de êxtase sensório são sugados o bastante para não
ficarem completamente exauridos. O planejamento psicológico, sub-reptício, dos arquitetos
das Sombras, se fundamenta em criar dependência psíquica das fracas
personalidades encarnadas, que represadas por vários motivos em suas
satisfações animalescas na carne, encontram nestes antros os mais sórdidos
recursos para se entregarem selvagemente. Quanto mais isso ocorre, mais se
fortalece a organização trevosa, pelos intensos laços vibratórios que recrudescem
na simbiose entre os habitantes encarnados da crosta e a coletividade que vive
do vampirismo nas baixas zonas umbralinas, satisfazendo-se mutuamente".
Exímio conhecedor das maldades e técnicas dos magos
negros, todo o tempo em que estivemos desdobrados com esse espírito nos amparando,
seguiu-nos uma legião de agentes mágicos, de Exus Brasa. Quando estávamos
retornando para o corpo físico, verificamos que iam deixando, pela manipulação
do nosso ectoplasma, como se fôssemos uma bateria ou um tanque de combustível,
um lençol de pedras graníticas incandescentes na trilha astral que estávamos seguindo.
Explicou-nos Pai Quirino: "Isso é para a sua segurança mediúnica: como se
trata de localidade muito densa, quase que materializada, os espíritos que ali
habitam não conseguem volitar; andam como se estivessem presos ao solo pela
força gravitacional, retidos nas escarpas montanhosas da região florestal
visitada. Por esse motivo os Exus da nossa amada Umbanda deixam na estrada que
seguimos a manta incandescente de brasas, para que não nos sigam e localizem o
seu endereço no plano físico para futuros assédios e revides."
Essas informações trazidas na obra do caboclo
atlante nos dão uma idéia do que ocorre nessa época do carnaval, em proporções
ainda maiores do que nos demais dias do ano. É realmente um texto para amplas
reflexões, sobretudo com relação ao importante papel que os guardiões
desempenham, combatendo sempre na medida do que é possível ser feito, esses
grandes processos de vampirização e alienação coletiva. Como resumo dessa experiência,
o próprio Ramatís sintetiza a questão dessas obsessões logo na primeira
pergunta do capítulo 3 do “Jardim dos Orixás”, esclarecimentos que não precisam
de qualquer complemento:
Hipnotizados
em espécie de transe, qual pássaro que não reage diante da serpente, são
sugados em sua vitalidade que está potencializada pelo êxtase coletivo
semiconsciente que alcançam nesses cenários lúgubres e concupiscentes. No
entanto, como a sintonia se dá inicialmente pelo pensamento, que se manterá na
densidade e "peso" específico do corpo astral, em faixa vibratória
semelhante, podeis ir mudando gradativamente vossa casa mental, elevando vossa
consciência e alterando vossos hábitos comportamentais, e conseqüentemente
sutilizando vosso veículo astral. A elevação não significa mudança de lugar no
espaço como entendeis, mas transferência do foco de consciência, das coisas
ligadas ao sensório do ego inferior, para as concepções espirituais dentro das
leis de causalidade cósmica, que equilibram e harmonizam. É como se fôsseis vos
tomando refratários às vibrações de uma ordem de baixos fenômenos ocultos que
vos cercam, sintonizando as de categoria mais elevada.
É
necessário que essa reforma se concretize em vosso universo íntimo, para
explorardes com segurança o imponderável ao plano físico, mas que vos cerca
como se fosse unha à carne.”
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