23 de mai. de 2023

Cassar Deltan é tentar Tornar a Lava Jato Insepulta

 


Pergunta enviada na página: Zé é essa cassação agora do Deltan? Me deu até vontade de chorar com tamanha injustiça!Não sou Bolsonaro, muito menos Lula, mas a perseguição do judiciário com a direita não está um pouco preocupante? (pergunta enviada pela Fernanda) 

Resposta: Nos tempos antigos quando o governo romano desejava castigar algum líder rebelde ao sistema que fosse relevante eles não apenas o condenava a morte: tratavam de, após o seu enterro, tornar seu corpo insepulto o que era, por exemplo, o principal temor dos seguidores de Jesus após a sua crucificação e seu enterro. Na Inconfidência Mineira aconteceu algo parecido ao corpo de Tiradentes. Isso acontecia porque os detentores do poder, que desejavam manter o status quo queriam deixar uma mensagem muito clara: qualquer tentativa de romper o status quo seria aniquilada e esse tipo de ação (condenações, exibição do corpo) visava amedrontar (e diminuir o ímpeto da) população que defendia mudanças de poder que não interessavam àqueles que se beneficiavam do "estado das coisas" (status quo) como estava, ou seja, que se beneficiavam com a ordem de poder instalada e seus esquemas (muitas vezes corruptos ou antirepublicanos). Cassar Deltan é uma tentativa de tornar a Lava Jato insepulta.   

O que as pessoas precisam entender (e na sua maioria não entenderam, achando erroneamente que estamos numa luta maniqueísta entre petismo e bolsonarismo) é que cada grupo de poder está apenas interessado em defender o seu quinhão e mais ainda: de ganhar mais protagonismo no "núcleo de poder" os quais já estão (o status quo, estado das coisas, os grupos poderosos políticos e sem mandato que detém poder financeiro e social na grande estrutura de compadrio). Ou seja, esses grupos de poder não lutam apenas para manter o status quo, mas sim para cada um aumentar o seu próprio poder, financeiro e, sobretudo, social (de mando, de influência).   

O "quarto poder" (veículos de mídia), por exemplo, tem seus diretores (donos de canal, altos executivos) que estão interessados apenas em continuar ganhando dinheiro e manter o seu poder de influência, enquanto a maioria dos jornalistas formados nos veículos tradicionais tem um viés mais a esquerda ou dito "progressista" (um eufemismo para a mentalidade revolucionária marxista que é ensinada na maioria das universidades de humanas) e cada um deles quer manter o seu status quo. Os mandachuvas querem continuar no topo da cadeia alimentar, já a maioria dos jornalistas acredita que está lutando por um mundo melhor e que o caminho, pra eles, é a luta da luz progressista contra as trevas conservadoras (que eles julgam, como foram ensinados, que todo conservador seria um fascistóide). 

Nos 3 poderes tradicionais o cenário não muda muito: no Congresso temos 4 blocões políticos que dividem o poder (o grupo petista, o grupo bolsonarista, o grupo do Lira e o grupo do Temer/Kassab) todos buscando proeminência no Legislativo e do Legislativa sobre o Executivo (o projeto do semipresidencialismo continua andando a todo vapor) o mesmo acontecendo no Executivo (é notório que tanto o petismo como Bolsonaro tinham projetos de perpetuação no poder que fracassaram) e por fim o próprio Judiciário que não tinha interesse algum que o sistema ou a ordem de poder instalada fosse alterada, exatamente por isso aconteceu o impeachment da governanta, a prisão do nine, a anulação dos efeitos da Lava jato e por fim vai culminar com o fim político de bolsonaro, pois o Judiciário não quer grupo algum (político ou não, ou dos outros 2 poderes) alterando a ordem de poder que existe hoje, o sistema no qual a Lava jato foi a última tentativa de romper uma serie de "acordos" que existiam entre agentes de poder. 

Bolsonaro será punido não porque se contrapôs ao petismo, mas sim porque desejava poderes totais pra si e não teve apoio popular e do Exército pra executar o seu plano, assim como o petismo foi punido pelos tribunais superiores quando tentou implantar um plano de perpetuação no poder que foi exposto pela LavaJato, que aliás só teve as permissões que teve enquanto interessava punir (corretamente diga-se de passagem) a tentativa de implantação de um projeto de perpetuação política de um partido (petismo) através do maior esquema de corrupção da história. 

Portanto, enquanto as pessoas não acordarem, como aconteceu entre 2013 e 2016 especialmente, para o fato de que precisamos lutar por pautas e não por ídolos políticos, como por exemplo, mandato para ministros do supremo (de no máximo 6 anos), prisão em segunda instância, limite de carga tributária (a no máximo 20% e olhe lá), diminuição dos privilégios (gasto com a máquina administrativa política, com fundo eleitoral, com penduricalhos e verbas faraônicas) enquanto não acordarem para essas pautas que visam enfraquecer o poder político do atual estado das coisas o que veremos é cada vez mais os atuais agentes de poder concentrando maior poder sobre si. 

Infelizmente após as eleições de 2018 boa parte do eleitorado antipetista preferiu defender um ídolo que se mostrou fiel ao Centrão e deu as costas para a LavaJato quando na verdade os eleitores do "mito" deveriam, ter cobrado as promessas de campanha de defender a Lavajato e o combate a corrupção, coisa que o governo bolsonaro não fez, aliás bolsonaro é o espantalho perfeito para a esquerda, pois ao se dizer "de direita" conseguiu simbolizar tudo aquilo que a direita não ensina. Scruton por exemplo ensina o valor da beleza, do belo, do harmônico, da tradição de valorizar o belo e vejamos como Bolsonaro tratou da liturgia do cargo nas entrevistas como presidente: como um cavalo chucro se debatendo no cercadinho. A direita ensina a valorizar as leis (ao contrário da ideologia reacionária e disruptiva que ele defendeu oriunda dos calabouços do olavismo), a direita incentiva a diminuição de impostos e menor gasto público (o governo bolsonaro sobretudo no último ano de mandato foi o mais populista que abriu os cofres para os políticos). 

Assim como tem muito socialista, comunista, marxista e trotskysta tentando se vender como "social democrata" (democracia jamais pode estar na mesma frase que tenha socialismo, comunismo ou marxismo) tem muito reacionário e fascistóide tentando se vender como direita conservadora e quando um reaça desses, que não tem nada de direita, ganha proeminência ele então vira o espantalho perfeito para a esquerda acusar a direita de tudo que ela não é.  

Pode ter certeza que qualquer grupo que tentar se levantar contra o status quo estabelecido, seja para lutar por algo bom (como foi a LavaJato lutando contra a corrupção) ou para turbinar o próprio poder (como foi Bolsonaro e anteriormente o próprio Lula no projeto de perpetuação no poder) será abafado. A saída, como já expliquei, está na luta por pautas que reformulem algumas leis enfraquecendo o poder desses grupos políticos e isso só vai acontecer com amplo engajamento popular, como aconteceu entre 2013 e 2016. Tem muito poder político, financeiro e sobretudo social concentrado em cada um dos poderes e as pessoas ainda não entenderam isso, achando que o Lulinha vai salvar o pobre dando picanha pra todo mundo ou que o Bolsonarinho vai purificar a nação ungido como enviado de Deus. 

Algumas dessas principais pautas eu já apontei anteriormente:

 

Corte dos privilégios, dos subsídios e supersalários no setor público e político (penduricalhos, bolsa creche, auxílio moradia, rachadinhas, nepotismo cruzado e etc). 

 

Reforma tributária (simplificação dos impostos, fim do imposto em cascata, atualização retroativa até 1994 da tabela do IR). 

 

Fim da reeleição (ao menos de mandato sucessivo) para todos os cargos executivos e também para a presidência da Câmara e Senado. 

 

Mandato de 6 anos para ministros do STF com vedação automática de julgar qualquer processo ligado ao presidente ou partido que o indicou. 

 

Prisão em segunda instância. 

 

Plebiscito a cada 2 anos (junto com as eleições federais e municipais) para aumentar a participação da população na democracia e proposição de leis (como ocorre em países como a Suíça) e também para validar a continuidade no cargo de presidente, governadores e ministros do STF, ou seja, quem não conseguir ao menos 25% de aprovação é automaticamente defenestrado. 

 


É a mobilização do povo entorno dessas pautas (e outras que diminuam a concentração de poder político que existe hoje em Brasília) que pode ajudar o Brasil a sair da sua realidade atual: uma população refém de altos impostos que financiam o privilégio de uma casta que na sua maioria apenas luta entre si na busca por mais poder e mais dinheiro e cuja única preocupação é manter a população aceitando o atual estado das coisas. 

Reflitam sobre isso e reflitam sobre o texto que deixarei linkado a seguir (o que é democracia), pois ainda podemos ressuscitar a luta contra a corrupção e contra os privilégios no Brasil, mas pra isso nós também não podemos continuar, como nação, como zumbis da política, insepultos pela própria vontade.

 

O que é democracia (texto linkado a seguir):

https://profeciasoapiceem2036.blogspot.com/2022/10/democracia.html


2 de mai. de 2023

Filó e o PL das Redes

 

Dois assuntos dominaram as redes na última semana: o caso da capivara Filó devolvida ao seu dono após grande comoção das redes e o segundo assunto que é o projeto em tramitação para regulamentar as redes. Ainda que o primeiro assunto tenha tido muito mais visibilidade do que o segundo novamente essa mobilização mostra, assim como aconteceu com a mobilização das redes em relação a taxação de produtos vindos da China de que é somente com a manifestação ampla e popular através das redes que o povo é ouvido e exatamente por isso é tão importante estarmos atentos e fiscalizando o andamento desse projeto de lei, pois é exatamente por vivermos em tempos de redes sociais que estas ganharam o maior protagonismo na manifestação da liberdade e do pensamento, especialmente de forma coletiva. 

É compreensível que depois do que aconteceu nas eleições americana e brasileira, com propagação sistemática e deliberada de fake news através das redes sociais haja uma reação dos órgãos oficiais, especialmente porque uma linha foi ultrapassada em ambas as eleições: tentar controlar ou enviesar uma narrativa é uma coisa (e é do jogo político) outra coisa é criar fatos que não existem e tentar transformá-los em fatos reais, isso não pode, isso é criar fake news. 

Há sem dúvida, especialmente no Brasil, um confronto ideológico de idéias e formas diferentes de enxergar o mundo, um com uma visão mais progressista à esquerda que notoriamente sempre foi a visão majoritária dos veículos tradicionais de comunicação e uma visão mais à direita, ligada a valores econômicos mais liberais e de costumes mais tradicionais que sempre existiu, que foi a base filosófica dos "pais fundadores" da democracia americana e base da Constituição Americana até os dias de hoje, fortalecida por diversos filósofos ingleses, americanos e europeus tendo como base a defesa de valores que estruturaram a democracia ocidental e a manutenção das tradições que fortaleçam a coesão e organização da sociedade assim como das leis que organizam a sociedade e, portanto, contrárias a "modernismos" e processos revolucionários com idéias que ainda não amadureceram na coletividade. 

Em suma, a visão mais à direita ou "antiprogressista" não acredita em rupturas mágicas, em idéias ou leis disruptivas assim como em processos revolucionários que na sua maioria não passaram pelo teste do tempo (ou seja, mudanças que não foram gradualmente enraizadas e estruturadas, ainda que notoriamente alguns processos revolucionários tenham acontecido exatamente porque um número pequeno e poderoso de pessoas detentoras do poder não queriam abandonar seu status quo em prol de algumas mudanças e melhorias coletivas) 

Aqui é importante avançarmos em alguns pontos: o primeiro deles é que o bolsonarismo trouxe ao invés do conservadorismo muito mais um religiosismo político tentando potencializar a força política através da mistura de religião com política e tentando transformar o bolsonarismo em um dogma inquestionável da mesma forma que nos ideais de governo o bolsonarismo nunca foi conservador, visto que o conservadorismo sempre buscou defender o fortalecimento das leis, constituições e democracias ao invés do bolsonarismo que sempre flertou com a idéia de que seu líder precisava fechar outros poderes e ter poder total, idéia que aliás foi defendida pelo seu ideólogo, Olavo de Carvalho, que nos seus cursos (e em vários vídeos disponíveis na internet) sempre defendeu que a Idade Média foi o período de maior felicidade da humanidade, quando reis absolutos junto com a Igreja controlavam e cuidavam da paz dos Estados, ou seja, não tem nada de conservador aqui mas sim reacionarismo puro, na veia. 

Um verdadeiro conservador ou liberal conservative não é aquele que deseja conservar as desigualdades (como algumas universidades de humanas andam ensinando por ai a seus alunos) mas alguém que defende as tradições e a prudência e que portanto é preciso acompanhar de forma cuidadosa o desenrolar dos acontecimentos e suas repercussões a nível coletivo. Por exemplo, um verdadeiro conservador não é contra o metaverso, assim como não foi quando surgiram os computadores e também não é contra a inteligência artificial, mas tão somente se preocupa na forma como as mudanças avançarão de forma prática para que tragam maiores benefícios para a humanidade e causem menos problemas, compreendendo fundamentalmente que o progresso não se reduz apenas a algo novo ou inovador, mas como um processo natural de modernização de tradições já solidificadas e que esse processo deve ser feito de forma prudente. 

O conservadorismo ou a direita não é contra o progresso mas sim contra o progressismo, compreendendo que a modernização é um processo concreto e não um processo utópico e que o aperfeiçoamento/modernização de bases sólidas e tradicionais deve ser sustentado em bases sólidas, concretas, racionais e não em utopias ou ilusões ou apenas em supostas crenças e exatamente por isso questões como a ideologia de gênero não aceitas no conservadorismo. 

Feita esse longa introdução é importante que o leitor faça uma reflexão, independente se você leitor que chegou até aqui se identifica mais com progressismo (seja na forma política mais anacrônica como o petismo ou na sua forma politica mais avançada como as sociais democracias da Europa) ou com uma visão oposta ao progressismo (seja do verdadeiro conservadorismo ou liberal conservative de filosofos como Russel Kirk, Roger Scruton, Michael Oakeshott, Friedrich Hayek ou na visão anacrônica religiosista reacionária do bolsolavismo) é importante que você leitor reflita que hoje no Brasil estamos longe de ter um grupo politico que defenda valores tanto das sociais democracias européias como do verdadeiro conservadorismo ou liberal conservative, o que temos na verdade é uma maioria da classe politica que não está nem aí para essas duas formas de enxergar o mundo e que na verdade está apenas interessada em ganhar votos e “likes” com um desses dois lados em projetos de poder e perpetuação no poder exclusivamente pessoais em um caminho que visa controlar cada vez mais a opinião das pessoas e evitar interferências da população no avanço de leis que fortaleçam ainda mais os grupos que já estão se perpetuando no poder em Brasília, tanto do lado petista como do lado bolsonarista.

A reflexão principal que precisa ser feita é que o povo precisa lutar com todas as suas forças por democracia e não por ídolos políticos mas sim que cobra, assim como cobrou no caso da Filó e no caso das importações da China por ações dos políticos que verdadeiramente ajudem a fortalecer a democracia e a diminuir a concentração de poder dos poderosos em Brasília. 

Já escrevi sobre isso em post anterior, mas vale repetir que assim como a defesa da liberdade de expressão nas redes (dentro dos limites já estabelecidos que impedem propagação de fake news) é importante que o povo lute com esse mesmo afinco e engajamento por algumas questões fundamentais e necessárias para a democracia:

 

Corte dos privilégios, dos subsídios e supersalários no setor público e político (penduricalhos, bolsa creche, auxílio moradia, rachadinhas, nepotismo cruzado e etc).

 

Reforma tributária (simplificação dos impostos, fim do imposto em cascata, atualização retroativa até 1994 da tabela do IR).

 

Fim da reeleição (ao menos de mandato sucessivo) para todos os cargos executivos e também para a presidência da Câmara e Senado.

 

Mandato de 6 anos para ministros do STF com vedação automática de julgar qualquer processo ligado ao presidente ou partido que o indicou.

 

Prisão em segunda instância.

 

Plebiscito a cada 2 anos (junto com as eleições federais e municipais) para aumentar a participação da população na democracia e proposição de leis (como ocorre em países como a Suíça) e também para validar a continuidade no cargo de presidente, governadores e ministros do STF, ou seja, quem não conseguir ao menos 25% de aprovação é automaticamente defenestrado.

 

Se você acredita que essas mudanças podem colaborar com o fortalecimento da democracia, com a diminuição do excessivo poder concentrado nas mãos da classe política, com o melhor uso do dinheiro público e no combate a corrupção então compartilhe esse post, seja no face, no whats ou compartilhe o conteúdo desse texto nas mídias sociais. É importante que as pessoas compreendam que precisamos lutar pelo fortalecimento da democracia e ao mesmo tempo diminuir a concentração de poder de alguns grupos poderosos de Brasília. A mobilização de muitos, como aconteceu entre 2013-2016 e recentemente no caso das importações da China e da Filó mostrou que essa união impulsiona as mudanças.