Na obra "A Bíblia no 3º Milênio" lançada no ano de 2013 eu trouxe uma análise completa, versículo por versículo, de todo o livro do Apocalipse e ao mesmo tempo em conjunção com o livro de Daniel e com o Sermão Profético, pois as três narrativas proféticas estão interligadas.
Com a eleição do novo Papa surgiram algumas teorias especulando que ele representaria o Leão descrito no capítulo 13 do Apocalipse. Após analisar em detalhes a profecia de Malaquias e as profecias de Nostradamus sobre Roma no período próximo à Grande Tribulação (ápice da Transição Planetária) em texto que deixarei linkado no textão a seguir, trarei agora a análise versículo por versículo do capítulo 13 do Apocalipse.
Para compreendermos basicamente a narrativa profundamente simbólica do livro da Revelação (Apocalipse) é importante entender que o Apocalipse retrata 4 manifestações temporais (ou seja, em épocas diferentes) da Besta ou Fera. A palavra utilizada no grego koiné para definir essa criatura é "therion", que significa "animal feroz", sendo que os 4 cavalos (montados pelos cavaleiros) no Apocalipse são as mesmas manifestações temporais das 4 Bestas e cada uma delas representa uma máquina bélica de destruição que reinou por determinado período da história. Compreendido esse ponto fundamental da hermenêutica do Apocalipse, vamos enfim ao estudo publicado e extraído da obra "A Bíblia no 3º Milênio":
A última manifestação da Besta, por exemplo, que mostra a aliança entre a China e a ala radical islâmica juntamente com a ação destruidora do Apophis, é mostrada no capítulo 11 do Apocalipse como “uma Besta que sobe do abismo”, pois associa essa imagem a mitologia serpente Apep (Apophis em grego) e ao cavaleiro de nome Morte, que representa o falso profeta e também é descrito no relato do quarto selo, a respeito do quarto cavalo.
Essa derradeira manifestação da Besta surge também nos capítulos 12, como o “Dragão Vermelho” sobrepujando o antigo território romano, local que atualmente corresponde ao território europeu da União Européia e da mesma forma é descrita no capítulo 17, como a Besta que devora as carnes da Prostituta.
É importante ressaltarmos esses pormenores, pois logo após as visões do capítulo 12 do Apocalipse, o capítulo 13 descreve também uma Besta com dez chifres e sete cabeças (a semelhança do capítulo 12), entretanto a diferencia da manifestação da Besta no capítulo 12: enquanto que no capítulo 12 surge um Dragão Vermelho com dez chifres e sete cabeças representando a invasão e domínio sobre a Europa da aliança sinoislâmica, a Besta do capítulo 13, com os mesmos dez chifres e sete cabeças representa o mesmo território Europeu, só que em outro tempo, na Segunda Guerra, quando cronologicamente ocorreu a aliança entre a manifestação da Besta naquela época, ou seja, a Alemanha, que aliou-se a manifestação da Besta que já existia, Roma, a cidade das sete colônias que outrora possuía dez territórios.
Com a segunda guerra mundial, portanto, surgiu a segunda manifestação da Besta (o cavalo vermelho) que se aliou a primeira manifestação da Besta (o cavalo branco e seu cavaleiro na época), a aliança entre Alemanha e Itália (antiga Roma).
O capítulo 13 do Apocalipse mostra, portanto, a Europa e, sobretudo Roma, na época da segunda guerra mundial, enquanto que o capítulo 12 mostra Europa e Roma na época da Grande Tribulação.
No capítulo 13 temos a aliança entre a primeira e a segunda manifestação da Besta, enquanto que no capítulo 12, temos a invasão da quarta manifestação da Besta sobre a primeira manifestação Besta, descrita também no capítulo 17 como a Besta que demora as carnes da Grande Prostituta, mostrada como a “Besta que era e já não é”. Eis os significados importantes para compreendermos os relatos proféticos sobre Roma, Europa e a sede da Igreja Católica no Vaticano, pois na profecia eles aparecem em diferentes momentos cronológicos da história humana.
Apocalipse capítulo 13 – Ano 476 ao ano de 1945
“Vi, então, levantar-se do mar uma Besta que tinha dez chifres e sete cabeças; sobre os chifres, dez diademas; e nas suas cabeças, nomes blasfematórios. E a Besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés, como os de urso, e a sua boca, como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio”. (Apocalipse 13:1-2)
A Besta aqui relatada é Roma, a cidade das sete colinas ou montanhas que representam as sete cabeças, como interpretamos nos estudos a respeito do capítulo 12 do Apocalipse, da mesma forma que os dez chifres dizem respeitos aos territórios de Roma ocupados no passado, após a queda do império ocidental, quando dez povos bárbaros ali se estabeleceram e deram origem aos povos que existem atualmente na Europa. Essa Besta parece um leopardo, mas não é, pois o Cristianismo Primitivo é que verdadeiramente representa Jesus, o Leão da Tribo de Judá, enquanto que o Cristianismo Romano, criado em 325 no Concílio de Nicéia pelo imperador Constantino e que perseguiu os cristãos primitivos por mil anos, não é o verdadeiro Cristianismo, sendo por isso comparado a um leopardo e não ao verdadeiro Leão.
Entretanto, ao chegarmos à época da segunda guerra, não existe mais império Romano Ocidental e nem Império Romano Oriental, o único sobrevivente desse grande império ou Besta é o poder papal. Portanto essa manifestação temporal da Besta é, na verdade, o poder papal, que já existia na época do império Romano e reinava justamente na cidade das sete colinas. Quando João afirma: “e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio” ele afirma que todo o poder de outrora do império Romano, a primeira Besta ou Dragão, constituído pelo império ocidental, oriental e papal passou a pertencer unicamente ao império papal.
O Dragão que deu o poder à Besta é o império romano visto por Daniel e como o cavalo branco com seu cavaleiro. Já a Besta que recebe o poder, o trono e o poderio do Dragão é o império papal, que nada mais é do que a parte sobrevivente da primeira manifestação da Besta, que se alia a segunda manifestação da Besta durante a segunda guerra e que tem suas carnes possuídas pela quarta manifestação da Besta, quando no capítulo 17 do Apocalipse, João compara essa Besta (poder papal) à Prostituta.
Para facilitar ainda mais esse entendimento, segue um diagrama cronológico com as aparições da primeira manifestação da Besta ao longo do Apocalipse:
Ano de 325 – A Criação do Cristianismo Romano, mostrada na visão do cavaleiro com arco e coroa montado sobre o cavalo branco. Nessa época, o Império Romano se expressava pelo Império ocidental, oriental e papal.
Segunda Guerra Mundial – Do antigo Império Romano sobreviveu apenas o poder papal, instalado na cidade das sete colinas (Roma) através do Vaticano, essa é a manifestação do Império Romano descrita no capítulo 13 do Apocalipse.
Grande Tribulação – Quando a quarta manifestação da Besta, correspondente a aliança entre chineses e ala radical islâmica conquistar o poder futuramente, buscarão a destruição do império papal, o último resquício do Império Romano, por esse motivo o império papal é descrito no capítulo 17 do Apocalipse como a Besta que era e já não é, pois além de não ser nessa época futura a manifestação temporal da Besta, também não representa a primeira manifestação da Besta (Império Romano) em sua totalidade. Da mesma forma no capítulo 12 do Apocalipse é descrita a subjugação do império papal mediante as forças invasoras da quarta manifestação da Besta.
Compreendidos esses significados, podemos analisar o restante do capítulo 13 do Apocalipse:
“Uma das suas cabeças estava como que ferida de morte, mas essa ferida de morte fora curada. E todos, pasmados de admiração, seguiram a Besta. e prostraram-se diante do Dragão, porque dera seu prestígio à Besta, e prostraram-se igualmente diante da Besta, dizendo: Quem é semelhante à Besta e quem poderá lutar com ela?” (Apocalipse 13:3-4)
João aqui nesse versículo começa a contar o processo de queda do Império Romano que levou o Dragão (o próprio Império Romano) a ceder o seu poder para a Besta (império papal). Como relatado nos estudos sobre o capítulo 12 do Apocalipse, as sete cabeças representam as sete colinas existentes na cidade de Roma, que outrora foi sede do Império Romano do Ocidente. A ferida mortal diz respeito justamente à queda do Império Ocidental, ocorrida em 476, quando todo o Império Ocidental e a cidade de Roma foram dominadas por dez povos bárbaros. Dentre esses povos bárbaros, foram os Ostrogodos que tomaram especificamente a cidade de Roma. Em 538 eles perderam sua força e foram expulsos, permitindo que o poder papal começasse sua ascensão novamente em Roma, essa foi a cura da ferida de morte.
“Foi-lhe dada a faculdade de proferir arrogâncias e blasfêmias, e foi-lhe dado o poder de agir por quarenta e dois meses.” (Apocalipse 13:5)
42 meses equivalem à 1260 dias, que profeticamente são convertidos em 1260 anos. Desde a ascensão do poder papal no lugar do Império Ocidental de Roma em 538 (queda dos ostrogodos) à 1798 quando as tropas de Napoleão invadiram Roma e aprisionaram o papa, desde então o papa não teve o mesmo poder que tinha até então. Essa “boca” é exatamente a figura arquetípica do papa, que segundo a crença católica é infalível e fala em nome do Espírito Santo, ou seja, as palavras do papa são como as palavras do próprio Deus, segundo a doutrina católica.
“Abriu, pois, a boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar o seu nome, o seu tabernáculo e os habitantes do céu.” (Apocalipse 13:6)
Tabernáculo era o local sagrado, a tenda, onde se realizavam as cerimônias em homenagem a Deus, desde a época de Moisés, passando depois às residências (ekklesias) humildes na época do Cristianismo Primitivo perseguido por Roma. As “blasfêmias contra Deus” dizem respeito às adulterações feitas pelo Cristianismo Romano em cima da doutrina do Cristianismo Primitivo enquanto que as blasfêmias ao tabernáculo representaram as perseguições contra os cristãos primitivos, que se alongaram por aproximadamente mil anos depois do Concilio de Nicéia em 325, quando foi criado o Cristianismo Romano, que adulterou muitas das doutrinas do Cristianismo Primitivo, como por exemplo, banir a doutrina da reencarnação do Cristianismo.
“Foi-lhe dado, também, fazer guerra aos santos e vencê-los. Recebeu autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação” (Apocalipse 13:7)
As guerras feitas “em nome” dos santos, e para (“aos”) santos, podemos observar entre essas guerras as Cruzadas (1095-1272) e a “Santa” Inquisição (1184- 1761) como expoentes máximos dessas guerras relatadas no versículo.
“E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” (Apocalipse 13:8)
Desde a fundação do Cristianismo Primitivo, a “fundação do mundo” cristão, citada no versículo, aqueles que prestam adoração, ou seja, adoram o Cristianismo Romano, manifestado desde os seus primórdios pelo poder papal, não estarão inscritos no livro da vida (eterna), pois perseguiram e mataram os cristãos primitivos em nome da Igreja Romana, desde sua criação por Constantino.
“Se alguém tem ouvidos, ouça: Se alguém está destinado à prisão, irá para a prisão. Se alguém deve morrer pela espada, é pela espada que deve morrer. Aqui se fundamenta a perseverança e a fé dos santos.” (Apocalipse 13:9-10)
Clara referência ao fim do domínio papal em 1798, pois o papa foi levado em prisão naquele ano pelas tropas napoleônicas. Após esse ano, os papas assistiram a diversos problemas, invasões e mortes nos estados papais, como na época do papa Gregório XVI e pior ainda nos idos de 1860 quando todos os estados papais, exceto Roma, foram tomados por forças invasoras e os exércitos leais ao papa foram duramente derrotados. No versículo a seguir veremos como foi a recuperação do Cristianismo Romano, com a criação do Vaticano, em 1929.
“E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o dragão. E exerce todo o poder da primeira besta na sua presença e faz que a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada. E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens.” (Apocalipse 13:11-13)
Ou seja, a “Besta com os dois chifres” parecia um cordeiro, mas não era, pois falava como Dragão. Esses dois chifres são o nazismo e o fascismo, representados por Hitler e Mussolini, que se aliaram de fato em 1936.
Mussolini criou o Vaticano pelo tratado de Latrão e contava com amplo apoio da Igreja nessa época. Ambos fizeram realmente fogo cair do céu até a terra. As terras onde os dois controlavam (Hitler e Mussolini) realmente adoravam a primeira Besta, ou seja, o poder papal, já que os dois líderes eram aliados e Mussolini tinha total apoio da Igreja, através do Vaticano.
De forma resumida: a “outra Besta que subiu da terra” foi a Alemanha, a segunda manifestação da Besta que tinha dois chifres, representando o nazismo e o fascismo e exercia todo o poder da primeira Besta (poder papal) exatamente na sua presença, pois o Vaticano na época apoiava Mussolini, que por sua vez representava um dos chifres da segunda Besta.
Roma, como também nós vimos no início desse estudo, representa o Dragão e essa outra Besta (Alemanha, aliada a Mussolini que por sua vez tinha o apoio do poder papal na época) é que falava como um Dragão. Os dois chifres que surgiram naquela época foram o fascismo e o nazismo, sendo que o Vaticano nasceu aliado a Mussolini, por isso os dois chifres tinham a semelhança de um Cordeiro, pois a aparência do Vaticano, aliado de Mussolini na época, é semelhante à de um Cordeiro por se utilizar da imagem de Jesus, que é o Cordeiro Verdadeiro.
“E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da Besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à Besta que recebera a ferida de espada e vivia.” (Apocalipse 13:14)
O império Romano ocidental recebeu uma ferida de morte, mas sobreviveu, através do poder papal em Roma. A imagem que foi feita para o poder papal foi exatamente a criação do Vaticano em 1929 pelo tratado de Latrão.
“E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da Besta, para que também a imagem da Besta falasse e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da primeira Besta.” (Apocalipse 13:15)
Mussolini, um dos chifres da segunda Besta (Alemanha na segunda guerra) deu o espírito, deu a vida à imagem da Besta (poder papal que recebera anteriormente o poder da primeira Besta, o Império Romano) através do Tratado de Latrão que criou o Vaticano. Todos os que não adorassem o conjunto daquela imagem na época (Alemanha, Itália e o Vaticano) seriam mortos pelo regime fascista e nazista.
“A segunda Besta faz também com que todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, recebam uma marca na mão direita ou na fronte. E ninguém pode comprar nem vender se não tiver a marca, o nome da Besta ou o número do seu nome.” (Apocalipse 13:16-17)
A segunda Besta é a Alemanha da segunda guerra mundial. O império nazista estabeleceu a chamada saudação nazi, que obrigava as pessoas dos povos conquistados pela Alemanha naquela época a erguerem a mão direita em forma de saudação, da mesma forma que os soldados do exército possuíam uma marca no quepe que ostentavam na fronte, com o símbolo da águia sobre a suástica. Essa era a marca na mão direita e na fronte.
Mas João ainda fala de outra característica: o nome da Besta e o número do seu nome. Considerando que esse nome é materialismo ou simplesmente busca por poder material através da guerra, o número da Besta está associado ao padrão monetário, ao dinheiro, pois ninguém poderia comprar ou vender se não tivesse dinheiro para isso. Ao vislumbrar o símbolo da águia, o mesmo símbolo do antigo Império Romano que existia em sua época, João associou esse padrão monetário aos números romanos, mais precisamente os seis primeiros números romanos, pois ao logo de toda a narrativa bíblica o número seis parece associado ao gênero humano. Dessa forma, como explicamos anteriormente nos significados do 666, o número da Besta descrito no versículo 18, tem como principal significado o padrão monetário em números romanos, ou seja, notas em papel moeda com o valor dos seis primeiros números romanos.
“Aqui é preciso sabedoria: quem possui entendimento, calcule o número da Besta; é um número de homem; o número é seiscentos e sessenta e seis.” (Apocalipse 13:18)
Os seis primeiros números romanos (1,5,10,50,100 e 500) somados equivalem exatamente ao 666, inclusive atualmente na Europa existem cédulas com todos esses valores numéricos. Além disso, novamente voltando às questões dos horrores do nazismo, o número 666 é associado ao símbolo “S” que em grego significa Sigma, pois essa letra é a décima oitava do alfabeto grego (6+6+6 = 18). Considerando-se que o Apocalipse foi escrito por João em grego koiné, provavelmente ao enxergar os símbolos nazistas como a “SS” ou a Suástica, certamente ele associou, também, esses símbolos a letra grega que, como mostrado há algumas linhas, também apresenta ligação com o número 666.
Para aprofundar ainda mais o estudo sobre esse tema aconselho a leitura dos dois textos linkados a seguir:
Robert
Prevost - O Petrus Romanus previsto por Malaquias como o último Papa:
https://profeciasoapiceem2036.blogspot.com/2025/05/prevost-e-eleicao-do-ultimo-papa-da.html
Os significados do 666:
https://profeciasoapiceem2036.blogspot.com/2011/05/666-os-7-principais-significados.html