2 de mai. de 2014

O Significado de Lilith (Parte II de II)





Lilith em um significado mais amplo representa a harmonização entre as polaridades masculina-feminina na energia kundalini e chi que circula por todo o corpo (yin e yang, ida e pingala)

O problema é que como a humanidade em sua maioria, desde tempos imemoriais, utiliza o livre arbítrio mais para obedecer aos próprios instintos do que para desenvolver um senso de fraternidade e reforma moral, o mesmo ocorre com a utilização dessa energia sexual, mais usada para impulsos instintivos do que para a manifestação do amor, explicando assim toda a metáfora sobre a primitiva serpente, ou seja, o intelecto refém dos instintos e por conseqüência a energia vital/sexual refém dos impulsos primitivos, associando dessa forma Lilith a uma "primitiva serpente" ou uma "sucubus" que "ataca" homens e mulheres em desequilíbrio sexual.

O texto de Ben Sirach fala exatamente sobre isso, associando o poder de Lilith sobre o masculino e o feminino por 28 dias, exatamente o período médio de uma lunação e de um ciclo feminino para uma nova menstruação. Foi exatamente em virtude da utilização negativa da energia sexual, por parte de algumas sacerdotisas no passado, que foram criadas as lendas a respeito de Lilith, tanto que o próprio texto cita os "filhos de Lilith" em alusão aos abortos realizados por aquelas que não desejavam ter filhos e usavam em excesso da sexualidade  como manifestação instintiva.

Em essência Lilith não possui um aspecto negativo sendo apenas uma representação da energia vital através da união de um homem e uma mulher, representada no caduceu e representada também na simbologia da Árvore das Vidas.

A união entre “aquela que dá a vida” (Eva, polaridade feminina) e a manifestação do intelecto, livre arbítrio sobre a energia vital, sexual, criativa que percorre toda a coluna (serpente, Lilith, o equilíbrio das duas polaridades e de todas as sephirot da Árvore das Vidas através de Daat, separar a realidade da ilusão, conhecer as próprias sombras e despertar a própria luz) e “o filho da terra” (Adam, polaridade masculina) é mostrada no terceiro capítulo da Gênesis:

"A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente." (Gn 3:6)

Esse “separar da ilusão” exatamente em Daat está exatamente na intercessão dos planos atziluth e beriyah que representam respectivamente a “emanação” e “o mundo da criação”, da mesma forma que correspondem a intercessão da raiz (espírito) e do tronco (manifestação mental) equivalente nos chacras da coluna ao laríngeo que demonstra claramente pelo ato de falar a emanação criativa do espírito através do físico verbalizando seu pensamento (agora podemos compreender um pouco melhor o que significa “Verbo de Deus” através de Daat e como é possível dar poder as palavras).

E um nível ainda mais profundo Daat simboliza a conexão entre o plano mental e o plano espiritual pela intercessão dos planos atziluth e beriyah, pois  Daat está exatamente dentro desse “olho” formado pela intercessão desses dois planos. A outra intercessão equivalente que acontece na Arvore das Vidas e forma outro “olho” está em Tiferet que engloba os planos Asiyah, Yezirah e Beriyah unindo físico, etérico e astral e muitas vezes simbolizando a manifestação mediúnica, semelhante ao desenho de um “peixe” formado pela intercessão dos círculos/planos criando um símbolo conhecido no Cristianismo, que representa a mediunidade sendo conhecido como Vésica Pisces



A diferença é que em Tiferet ela está mais atrelada ao astral e em Daat está atrelada ao plano mental. O “olho que tudo vê” é, portanto, um símbolo com significados bem profundos e antigos.

Podemos ainda associar Adam, Lilith e Chava aos 3 pilares da Árvore das Vidas, por onde fluem energias interligadas ao corpo humano. No pilar esquerdo está o lado direito do corpo humano e no pilar direito está o lado esquerdo, sendo o pilar central equivalente a coluna que modula o intercâmbio dessas energias.

Essas energias fluem como um grande círculo envolta do corpo, sendo que as mais sutis adentram por cima (topo da cabeça) e as mais telúricas adentram por baixo (planta dos pés) e formam um movimento contínuo de subida e descida, dos pés a cabeça, da cabeça aos pés, da sola dos pés até a pineal (fluxo yang) da hipófise ou pituitária até a sola dos pés (fluxo yin).



Sabemos que o hemisfério cerebral direito está mais ligado ao pensamento criativo, simbólico, enquanto que o hemisfério cerebral esquerdo está mais ligado ao pensamento racional e lógico.  Da mesma maneira, existem dois tipos de energias com tais características: a yin ou ida, mais feminina, lunar, introspectiva, criativa, ligada ao pólo negativo, com maiores capacidade de absorção, recolhimento, movimento de descida (cima pra baixo), pulsação mais suave, passiva enquanto que a yang ou pingala é mais masculina, solar, extropectiva, racional, ligada ao pólo positivo, com maior capacidade de expansão, movimento de subida( baixo pra cima), pulsação mais intensa, ativa.

Para essas energias fluírem adequadamente elas precisam encontrar seu oposto, para ocorrer atração e um fluir equilibrado ao invés de repulsão. O mesmo ocorre com os impulsos nervosos no corpo humano: o hemisfério direito controla o lado esquerdo do corpo, enquanto o hemisfério esquerdo controla o lado direito do corpo (tudo passando pela coluna vertebral)
De maneira bem genérica podemos então considerar a seguinte representação:



Adam, “o filho da terra” representa o pilar do julgamento está a esquerda na Árvore, sobre o lado direito do corpo humano ( lado controlado pelo hemisfério cerebral esquerdo) e contém Binah, Gevurah e Hod, esse pilar representa a polaridade masculina, yang, pólo energético positivo, ligado ao hemisfério cerebral esquerdo. No corpo humano essa energia que flui de baixo pra cima (subida), da direita para a esquerda (sentido horário), sobe pelo corpo pela planta dos pés para atingir o seu grau máximo de expansão na glândula pineal, que está no meio dos dois hemisférios cerebrais.

Chava, “aquela que dá a vida” representa o pilar da misericórdia que está à direita na Árvore, sobre o lado esquerdo do corpo humano (controlado pelo hemisfério cerebral direito) e contém Chokmah, Chesed e Nezah, esse pilar representa a polaridade feminina, yin, pólo energético negativo, ligada ao hemisfério cerebral direito. No corpo humano essa energia que flui de cima para baixo (descida), da esquerda para a direita (sentido antihorário), desce pela glândula hipósife (conexão com o chacra coroa) que está entre os dois hemisférios cerebrais até atingir a planta dos pés.

Por essa razão se utiliza a mão esquerda erguida ao Alto para captar energias sutis e superiores, pois a mão esquerda é controlada pelo hemisfério cerebral direito, de onde flui a energia yin/ida de cima pra baixo, do chacra coroa até o chão, sendo aconselhável em qualquer ritual de movimento circular sempre o movimento antihorário, pelos motivos descritos há poucas linhas, potencializando o próprio campo de força. Da mesma forma nos trabalhos de expansão da consciência (pulsos magnéticos para projeção astral, abertura ou fechamento de chacras devemos utilizar a mão direita, em movimento horário, pois é uma energia que responde melhor as construções mentais da vontade, pois trabalha mais o aspecto ativo e racional sobre a espiritualidade e as energias mais telúricas para firmar as formas pensamento realizadas em uma atividade, favorecendo a lucidez e lógica na vivência das experiências espirituais, que essencialmente são yin mas precisam do equilíbrio yang. (*)

(*)Vale ressaltar que nos tradicionais estudos da Yoga, o fluxo masculino pingala está associado ao hemisfério cerebral direito e o fluxo feminino ida ao hemisfério cerebral esquerdo, então porque eu coloquei de forma contrária há poucas linhas? Simplesmente porque tal entendimento tradicional diz respeito ao cérebro perispiritual e não ao cérebro físico.

No físico o lado cerebral esquerdo está profundamente responsável pelas manifestações ligadas a lógica, ao raciocínio e justamente por isso, no canal existente no hemisfério esquerdo do cérebro astral é que está o canal que flui a energia ida (yin), pois da mesma forma que um lado do cérebro físico controla o outro lado do corpo, o lado direito do cérebro perispiritual controla o lado esquerdo do cérebro físico. Sendo assim, no cérebro perispiritual temos o sistema tradicional das escolas orientalistas, visto através da clarividência:

Pingala/Yang: canal no hemisfério direito do cérebro perispiritual

Ida/Yin: canal no hemisfério esquerdo do cérebro perispiritual

E dessa forma agem no cérebro físico da seguinte forma (como mostrado no estudo antes do asterisco):

Pingala/Yang: atua a partir do hemisfério esquerdo do cérebro físico

Ida/Yin: atua no hemisfério direito do cérebro físico



É através desses dois fluxos energéticos que a coluna energiza todo o corpo, sendo que a coluna representa o pilar da compaixão, localizado no meio da Árvore e que realiza o encontro das duas polaridades através da glândula pineal e da hipófise e a nível espiritual do chacra coroa e do ajna, novamente simbolizando as duas asas no topo do caduceu.

Lilith, a energia vital que percorre a coluna como uma serpente, o pilar central da compaixão, o caminho do meio pelo qual flui a energia masculina e feminina tem todas essas representações
Tal simbologia de Lilith é analisada na Astrologia também.

Na Astrologia Lilith representa a Lua Negra, pois é no mapa astral o ponto astronômico correspondente ao grau do apogeu (ponto orbital mais afastado em relação à Terra) da órbita lunar projetado na eclíptica zodiacal. Como a Lua representa a sustentação, a nutrição emocional, tal ponto representa as amarras emocionais, os traumas do passado de situações que foram vividas em excesso e que precisam ser transformadas, colocando dessa forma Lilith como um exercício de desapego a amarras e vícios emocionais de encarnações passadas, possibilitando um renascimento emocional para a pessoa, algo semelhante ao trajeto de mudança que é mostrado no mapa astral no caminho entre a cauda do dragão e o caput (cabeça) draconis, onde é preciso controlar ou transformar para vencer a insatisfação, o apego ao passado e realizar um novo caminho.


Da mesma forma que muitos ainda criam confusão com a palavra Lúcifer, o mesmo acontece com a história de Lilith, quando as lendas e contos populares acabaram por adulterar o significado original. Sobre a questão de Lúcifer tem esse post aqui na fanpage: A lenda de Lúcifer 


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2 comentários:

Unknown disse...

Boa noite José !

Voce vem afirmando que 2/3 da população mundial será exilada .

Isso quer dizer que aproximadamente 66% da população não merece ficar ?

Será que mais da metade da população não tem minimas condições de amor, compaixão , solidariedade e etc ?

José Alencastro disse...

2 terços entre encarnados e desencarnados.

entre os encarnados serão 50%, pelo que tenho visto por aí, no físico e no astral é um número bem generoso.