Michael Burry ficou famoso por ser o único a prever o estouro da crise de 2008 (a crise imobiliária que ninguém acreditava que poderia acontecer) e que inspirou o filme "A Grande Aposta". Há alguns meses ele vem alertando para o comportamento da Bolsa Americana que segundo ele está repetindo nos últimos meses o mesmo padrão da crise das empresas ponto com entre 2000 e 2002.
Os maiores hedge
funds (fundos multi mercado) dos EUA tiveram um 2022 desastroso e não a toa
estão esperando a grande "promoção" das ações (ou seja, uma queda
forte para comprar). A realidade é que a bolha das ações das grandes empresas
da Bolsa americana (aquelas com valor acima de 1 bilhão de dólares) ainda não
estourou: como o próprio Michael Burry esclareceu recentemente, mais de 200
dessas empresas bilionárias tiveram perda anual na casa dos 100 milhões de
dólares e por conta disso a correção ocorrida em 2022 (perda de 23% de valor do
S&P em relação a 2021) era apenas a primeira parte da correção que deveria
ser, segundo ele, de mais 48% em 2023. Ou seja, Burry não espera que em 2023 o
S&P despenque para os níveis de outubro de 2022 ou fevereiro 2020 (pré
coronga) que estavam na casa dos 3.600 pontos, mas sim para o fundo de final de
março de 2020 na casa dos 2 mil pontos. Mesmo que a grande "promoção"
seja metade disso (algo como um mergulho aos 3 mil pontos ou 30% de queda em
relação ao S&P atual) a maioria dos fundos quer recuperar o grande prejuízo
de 2022.
Michael Burry
ainda compara os últimos meses do S&P ao que aconteceu no estouro da bolha
ponto com entre os anos de 2001 e 2002. Há uma série de correlações interessantes
envolvendo aquela crise com os últimos meses da Bolsa Americana. O primeiro
paralelo é que na crise das ponto com a Bolsa americana ficou
"lateralizada" por mais de um ano, entre janeiro de 2000 e maio de
2001, enquanto que entre junho de 2021 e fevereiro de 2022 se observou o mesmo
movimento na Bolsa Americana. Entre maio e setembro de 2001 aconteceu o
primeiro estouro da bolha, com uma queda de 30% do S&P, logo em seguida
mesmo com muitas empresas ainda sobrevalorizadas aconteceu uma recuperação de
25% entre setembro de 2001 e março de 2002 para que então finalmente viesse uma
queda definitiva entre abril e setembro de 2002 de 22%, o que gerou uma perda
final entre inicio de 2000 e final de 2002 de 30% para a Bolsa Americana.
Entre janeiro e
setembro de 2022 (4 meses a mais do que aquela primeira pernada de queda em
2001) a Bolsa americana caiu 23% e entre outubro e dezembro de 2022 recuperou
20% e desde então vem em uma discreta subida com alguma lateralização. Se
seguir o mesmo padrão de recuperação ocorrido em 2001 antes de uma nova queda,
essa pequena recuperação iria até maio ou junho de 2023 para que então se
iniciasse a pernada final de queda durante todo o segundo semestre de 2023, com
uma queda de 20% a 22% o que nesse caso representaria uma queda entre inicio de
2022 e inicio de 2024 na ordem de 30% fazendo praticamente o mesmo movimento da
crise das empresas ponto com entre 2000 e 2002.
Caso realmente
tenhamos uma crise de recessão nos EUA em 2023 e ela repita o padrão da crise
de 2000-2002 se iniciando portanto entre maio e junho de 2023 então isso vai
não apenas vai confirmar as previsões de
Michael Burry como também a previsão que eu fiz aqui meses atrás de que
exatamente pelos idos de maio-junho teríamos uma grande crise econômica (mais
precisamente em maio de 2022 quando previ a queda brutal do bitcoin quando ele
estava na casa dos 30 mil pontos). Caso todas essas previsões estejam certas,
então o mergulho da Bolsa americana deve começar até junho de 2023, confirmando
também a análise que eu fiz em novembro sobre o eclipse de abril de 2023 que
deverá trazer essa crise/recessão no primeiro semestre de 2023. O texto está
linkado a seguir:
BOLSA BRASILEIRA
Apesar de muitos analistas de mercado acreditarem que a Bolsa vai aos 126 mil pontos (alguns até falaram em 150 mil!!!) eu não acredito que ao longo de 2023 a Bolsa consiga superar os 121 mil pontos. Nas últimas 8 semanas o gráfico semanal da Bolsa brasileira vem testando o canal central da Fibo (0,618/0,5) traçada entre o topo de março 2022 e o fundo de julho de 2022, sendo que na atual semana esse canal foi perdido, assim como as médias móveis de 9 e 29 períodos apontam tendência de venda no gráfico semanal, então caso a Bolsa perca os 105 mil pontos ao longo da semana e mantenha essa perda até o final da semana (dia 03 de março) a tendência é ir com força testar os 100 mil pontos.
Reversão da tendência de queda é se nas próximas semanas superar os 108 mil pontos e ai nesse caso deve buscar 121 mil pontos. De toda forma vejo no gráfico muito mais tendência para a queda, inclusive a movimentação do gráfico semanal desde 18 de julho de 2022 faz um desenho praticamente igual, apenas com um pouco mais de candles, daquele do período semanal de 10 de janeiro a 11 de julho (como é possível ver no gráfico abaixo com as flechas e os topos/fundos com a fibo).
Como a Bolsa brasileira já abriu a semana (dia 27) abaixo dos 106 mil pontos e confirmou essa queda no pregão de terça feira (dia 28) então o caminho até os 100 mil pontos pode ser ainda mais rápido (pois confirmou a perda no canal de fibo no gráfico semanal como mostrado na imagem), podendo entre 13 de março e 20 de março tocar ou perder os 100 mil pontos.
Curioso observar que no gráfico diário a bolsa brasileira completou de forma exata a evening star (candle) que surgiu entre 25 e 27 de janeiro, um doji (estrela) poderoso que por exemplo demarcou (antecipou) o começo do megatombo no gráfico semanal entre 13 e 27 de janeiro de 2020 (crise do coronga) quando a bolsa perdeu 40% (espelhando na forma de queda/LTB a alta/LTA que vinha desde setembro de 2018). Para o azar da bolsa há ainda um OCO no gráfico semanal que começou no dia 18 de julho prenunciando que o mais provável até 20 de março é perder os 100 mil e buscar os 96 mil pontos. Esses são os dois principais suportes a serem testados: 102.200 e 96 mil pontos, por tudo isso enquanto não chegar próximo de 108 mil pontos não há menor sinal de reversão de tendência.
Caso todo esse cenário de baixa se confirme e caso a recessão EUA-Europa venha mesmo entre maio e junho (com perdas de pelo menos 25%) então estamos falando em uma repercussão na bolsa brasileira que pode levar até os 80 mil pontos que seria no pior e mais pessimista cenário o maior fundo que a bolsa poderia pegar em 2023. De toda forma acredito que em 2023 e 2024 estaremos em um forte movimento corretivo da bolsa, não apenas brasileira mas também americana e européia, antes de iniciar um ciclo de alta.
PREVISÕES FEITAS PARA DOW JONES, BITCOIN E MGLU
As previsões trazidas em 27 de maio de 2022 sobre o longo prazo de Dow Jones, Bitcoin e MGLU se concretizaram quase que de forma exata. Vejamos o que foi publicado naquele texto:
"Está "sambando" há dias em um suporte enorme e já conhecido dos 29/28 mil dólares sem tendência no gráfico diário e mantendo tendência no semanal, portanto dependendo de uma definição mais clara de direção: se embicar pra baixo vai buscar 19 mil dólares rapidamente, se virar pra cima vai aos 42 mil. No momento está com muito mais cara que vai buscar 19 mil. Ainda complemento: se na próxima segunda fechar abaixo dos 30 mil e pior ainda, se na quarta se mantiver nos 28 mil e especialmente abaixo disso por dois dias seguidos é altíssima a chance de ir buscar os 19 mil de alvo e dependendo da intensidade do movimento das próximas semanas (especialmente se fechar o mês de junho mais próximo de 19 mil do que 27 mil) pode buscar 12 mil dólares."
Comentário: Realmente após perder os 29/28 mil o bitcoin buscou rapidamente os 19 mil ainda em junho, exatamente como o previsto, apenas não chegou ao alvo final de 12 mil, ja que o fundo foi em 15.500 (meados de novembro).
"O movimento gráfico das últimas semanas, inclusive observando um inédito cruzamento pra baixo da media de 29 períodos que NUNCA aconteceu no gráfico mensal do bitcoin é muito semelhante ao desenho da queda de quase 80% da MGLU (Magazine Luiza) que inclusive eu comentei em um vídeo do Tiago Nigro há seis meses, que a ação ia pra 4 reias (na época estava 6 reais e ja vinha de uma queda de 75% ao longo de 2021) pois o gráfico semanal não mostrava qualquer sinal de mudança de tendência, o que alias vem desde julho de 2021, ou seja, nenhum indicativo para um investimento de longo prazo)."
Comentário: Ao longo de todo o ano de 2022 e até agora em 2023 nada de sequer voltar aos 6 reais, cumprindo exatamente o que disse o gráfico.
"De toda forma tanto o gráfico do bitcoin a longo prazo como do Dow Jones apontam daqui 8-12 meses o cenário não estará bom, pois ambos apontam para queda nesse período o que é um indicativo de que alguma quebradeira grande está se desenhando no horizonte de médio prazo."
Comentário: Se compararmos o valor atual tanto do Dow
Jones como do Bitcoin em relação ao final de maio quando a previsão foi feita
veremos que realmente o cenário não está bom: ao final de maio de 2022 o DJ
estava a 33.200 pontos praticamente o mesmo valor atual quase 9 meses depois e
nesse período amargou uma queda de quase 20% (em setembro perdeu os 29 mil
pontos). O bitcoin por sua vez ainda está longe de pelo menos recuperar os 30
mil dólares que valia 9 meses atrás ao final de maio de 2022, isso depois de
ter chegado a um fundo de 15.500 dólares. Considerando a alta inflação global o
desempenho tanto do Dow Jones como do Bitcoin nos últimos 9 meses
definitivamente não é bom.
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