Quando
a miopia política atinge parcela expressiva da população, mas, sobretudo o
próprio presidente, normalmente é quando as emoções falam mais do que o senso
estratégico, então se faz necessário pontuar de forma clara e detalhada não
apenas o atual cenário político como também os desdobramentos, no futuro, de
determinadas atitudes. Sem modéstia alguma afirmo que não teve analista ou
"guru" algum que previu nos últimos 5 anos o cenário da política como
eu previ (com alta porcentagem de acerto) e exatamente por isso me sinto na
obrigação de alertar, de forma ainda mais clara, porque as manifestações do dia
26 serão um desastre político para o presidente.
Ao
leitor que acompanha o que escrevo há alguns anos ou o que está conhecendo
minhas análises políticas pela primeira vez preciso informar, brevemente, que
desejo o sucesso do governo Bolsonaro, não apenas pelo político honesto sem
condenações ou inquéritos por corrupção que ele é como pelo time que ele montou
no governo com um economista de viés liberal (Paulo Guedes), um estrategista
para combater a corrupção (Moro) e uma cúpula ministerial de base militar com
os quadros mais moderados que a direita poderia produzir. Previ no início de
2014 que teríamos um escândalo maior que o mensalão (poucos meses depois veio a
Lava Jato) previ que gente graúda seria presa, que Dilma cairia, que Lula seria
preso e outras previsões que soaram surreais na época. Previ que os militares
ascenderiam ao poder até 2018 ainda durante o ano de 2014. Lutei com afinco
desde essa época contra o petismo e soube, desde 2014, que o caminho do Brasil
para tirar o petismo do poder e colocar os militares estava traçado. Enquanto
alguns "analistas" previam que o Brasil estava fadado ao comunismo
eterno após a eleição de Lula e que os militares não impediriam a ascensão
total da esquerda como ocorrera na Venezuela eu sempre expus exatamente o
contrário, mostrando que o guru da Virgínia não tinha razão. Então (desculpem
pelo longo parágrafo) sinto a obrigação de compartilhar o que se desenha para o
futuro próximo, mais uma vez transmitindo sob o auxilio dos guardiões superiores
que desde 2014 tem ajudado de forma mais próxima esse trabalho de tentar
desvelar com a maior clareza possível o que se desenha no horizonte da
geopolítica brasileira
O
primeiro ponto que devemos considerar quanto a essa manifestação é que ela não
foi espontânea. Quando o presidente soltou a mensagem no whatsapp falando da
incapacidade de conseguir governar o país e de um Congresso dominado por
interesses escusos os grupos ideologicamente mais próximos do olavismo (os
olavetes, a ala radical da direita) já estava avisada e pronta para começar a
mobilização. O segundo ponto é que essa mobilização, motivada exatamente por
esse texto do presidente não foi a pauta das reformas ou pacote anticrime mas
sim contra o centrão, contra o Congresso corrupto. Os principais grupos
organizadores, que se reconhecem claramente como olavetes e os principais
influenciadores do youtube ideologicamente ligado ao olavismo deixaram isso bem
claro, em vídeos, nos banners e tweets ainda que exista um pequeno verniz para tentar
transmitir a imagem de que é uma manifestação pelas reformas. Não, essa é uma
manifestação organizada por olavetes e com a pauta principal se manifestar
contra o centrão. Esse é o motivo pelo qual, muitos membros moderados da
direita como os generais Santos Cruz e Paulo Chagas, Janaina Paschoal, Joice
Hasselman, parte da bancada do PSL, Lobão, Rodrigo Constantino, Arthur e demais
membros do MBL e do Vem Pra Rua, além de parte expressiva do empresariado que
apoiou Bolsonaro e os liberais da direita, como Marcel Von Hattten colocaram
posição de não comparar a manifestação
A
ala olavete é a verdadeira responsável pela crise de governabilidade que o
presidente vem passando, exatamente pela total falta de senso estratégico e de
articulação política, que começou exatamente no caso da comitiva do PSL que foi
pra China e que foi achincalhada pelo guru da Virgínia (que poderia ter
conservado de forma privada ou se manifestado de forma educada), isso sem falar
no ataque direto a cúpula de militares escolhida pelo próprio presidente de
forma anticristã, anticonservadora, com vocabulário que nem um filósofo de
botequim usaria e por motivos dos mais
pueris como entrevista para o Bial (que o próprio guru também concedeu) ou fotos
com membros da esquerda (sendo que o próprio Olavo afirmou que trabalharia com
Suplicy e já tirou foto sorridente com Gilmar Mendes) tudo isso culminando com
ataques das hostes olavistas contra outros membros da direita que lutaram de
forma ostensiva para derrubar o petismo e pela divulgação das idéias da
direita, como o caso da Janaina e do Arthur entre tantos outros.
Enquanto
a ala olavete e os discípulos olavetanos não forem formalmente afastados e
rechaçados pelo presidente (que ao contrário tem se aliado cada vez mais a esse
grupo) será impossível formar qualquer aliança política mais sólida dentro do
Congresso, pois os olavetanos enxergam os parlamentares do centrão (e alguns
até mesmo o Congresso inteiro) como ilegítimo, corrupto. Como esperar que o
governo firme uma aliança, uma base de votos dentro do Congresso e dentro da
própria direita com uma ala histriônica que ataca todo mundo da própria direita
porque acreditam que direita é apenas quem segue de joelhos o que Olavo diz ou
ensina? É claro que não tem como dar certo. Por esses primeiros pontos a
manifestação em si já seria um desastre do ponto de vista político, pois
automaticamente dificulta ainda mais que o governo forme uma base política
dentro do Congresso e dentro da direita, pois transmite a mensagem que o
presidente pretende continuar alimentando a aliança pessoal com o olavismo.
Mas
calma, ainda estamos no começo. Tem mais. Só existem três situações de
mobilização popular que causam movimentação ou apreensão no Congresso.
1)
Em época próxima de eleição (os deputados ficam mais sensíveis ao clamor das
ruas porque desejam a reeleição) e devemos considerar que os parlamentares
estão com menos de 6 meses de mandato
2)
Se a vontade popular expressa uma situação política já consolidada (exemplo:
impeachment da governanta, ela já contava com alta rejeição dentro do Congresso
e somado a isso o forte apoio popular pelo impeachment apenas acelerou a
vontade da maioria do Congresso, inclusive porque boa parte dos parlamentares
viu uma clara chance de acabar com a hegemonia petista)
3)
O temor das forças armadas (o Congresso sabe que somente o Exército é capaz de
mudar o sistema constituído, seja por vontade própria como foi no processo de
abertura nos anos 80 ao ouvir a população ou por uma ameaça institucional, como
foi nos anos 60 com a ameaça comunista)
Como
o Congresso não está nem em época de eleição e muito menos há o temor que as
forças armadas apóiem uma revolução popular para derrubar o poder Legislativo,
não há qualquer temor por parte do Congresso, mesmo se que se coloque um
milhão, três milhões de pessoas na rua, isso apenas vai aumentar a percepção do
Congresso que Bolsonaro não deseja fazer política e que deseja alimentar o nós
contra eles (ou seja, seus apoiadores mais radicais que são as olavetes contra
o Congresso)
Aqui
é importante um adendo: como expliquei no post "Olavo versus
militares" (deixarei o link ao final) Olavo não apenas lutou para derrubar
o marxismo ou combater o marxismo cultural ( o que nesse ponto o colocou como
aliado pontual da direita para eleger Bolsonaro) mas o seu objetivo vai além
disso: ele acredita que somente um Executivo forte, na imagem de um imperador
quase absolutista ou com poderes moderadores (algo que só existe hoje nas
monarquias do Oriente Médio) aos moldes do absolutismo monárquico da Idade
Média em estrita aliança com a Igreja Católica (a volta da Santa Inquisição
funcionando como o novo STF) seria a única forma de se estabelecer um governo
conservador e próspero (inclusive linkei no post todos os vídeos que ele mesmo
afirma isso) o que explica não apenas a crença do guru de que a Idade Média era
melhor do que a Renascença, o Iluminismo e o que veio depois (ou seja, as
democracias modernas) como também explica a repulsa do "filósofo" ao
heliocentrismo (óbvio, pois Galileu fora condenado pela "Santa"
Inquisição) e a cientistas como Darwin, Newton e Einstein que trouxeram
comprovações científicas que colocaram por terra conceitos bíblicos, o que
obviamente um amante da Idade Média absolutista católica jamais toleraria. O
olavismo acredita que é possível uma revolta popular que derrube os poderes
constituídos e que permita a criação de um governo messiânico absolutista,
acreditam inclusive que podem manobrar a população para realizar essa revolução
e que conseguiriam sobrepujar até mesmo o Exército (que obviamente não
permitiria a escalada de uma insanidade dessas). Por isso o esforço do olavismo
em atacar os generais da cúpula do governo, pois na cabeça deles sem colocar o
povão contra os militares não tem como se fazer revolução popular
messiânica.
Estão
entendendo o que realmente está por trás da idéia que os olavetes têm dessa
manifestação?
Dito
isso, o centrão não apenas está despreocupado com o tamanho da manifestação do
dia 26 (por saber que as eleições ainda estão distantes e não há o perigo de
uma intervenção militar) como já traçou a estratégia para anular o presidente
Bolsonaro, independente que ele estimule mais duas, três ou dez manifestações
nos próximos meses. A estratégia é muito
simples: Maia aproveitou o vácuo de poder político deixado pelo presidente para
tomar conta do Congresso. Enquanto o presidente e a cúpula do governo tinha que
se preocupar com crises internas desencadeadas pela cúpula olavista (contra
Bebiano e depois contra os militares) deixou a articulação de lado, ou seja,
não formou uma base parlamentar no Congresso.
E
aqui é preciso dizer claramente: isso aconteceu porque o presidente se recusou
a dialogar. O partido do presidente elegeu 55 parlamentares, a bancada liberal
sempre apoiou a maioria das reformas (como vimos na votação da mp 870 e
sobretudo do coaf) assim como boa parte da bancada ruralista, evangélica e da
bala. Até mesmo dentro do chamado centrão (um grupo de mais ou menos 200
deputados que reúne gente de paridos pequenos do "baixo clero" bem
como deputados do dem, mdb, pp e outros) o presidente contava no inicio do
mandato com votos favoráveis, tanto isso é verdade que mesmo sem articulação
alguma a votação do coaf rendeu 210 votos ao governo (sendo que o governo
precisa de uma base de 310-320 votos) o que por si só ja anula a tese de
Congresso corrupto ou centrão corrupto. A própria característica fisiológica de
boa parte dos parlamentes do centrão é obter decretos e liberação do orçamento
que estão perfeitamente de acordo com as regras republicanas de política.
Bolsonaro simplesmente se recusou a fazer política, acreditou que bastaria
ordenar e o Congresso obedeceria e que assim o país andaria, o que está longe
de ser o regime presidencialista, no qual Executivo e Legislativo precisam
dialogar.
Maia
se aproveitou desse vácuo político deixado pelo presidente e se elegeu com
folga para presidente da Câmara em primeiro turno, conseguindo ele próprio
formar maioria para votar o que quiser dentro do Congresso. O DEM, partido de
Maia, conta não apenas com a presidência das duas casas, como um ministro
importante no governo (Onyx) e controle do Congresso. Maia percebeu a partir
desse ponto que por imprudência, Bolsonaro concedeu as ferramentas políticas
necessárias para o DEM se cacifar não apenas como uma direita liberal moderada,
mas também como o partido fiador das reformas econômicas. Não é segredo que DEM
e PSDB planejam a fusão de forças e até mesmo dos partidos com vistas as
eleições de 2022 para a presidência e governos. Então qual a estratégia
adotada? Ninguém quer assumir em 2022 um país quebrado ao mesmo tempo que
sangrar politicamente o presidente apenas causaria maior agitação do eleitorado
(afinal ele foi eleito com quase 60 milhões de votos) então Maia decidiu que a
estratégia seria isolar politicamente Bolsonaro, ou seja, impor sucessivas
derrotas no Legislativo e ao mesmo tempo fazer com que o próprio Congresso
proponha as leis e projetos, como aconteceu nessa semana com a reforma
tributária e mesmo dentro da própria reforma da previdência. Isolar
politicamente o presidente mostrando para a nação que ele não tem poder algum
de gestão política e que todas as reformas pelo bem do país estão sendo criadas
e conduzidas apenas pelo Legislativo. Um presidente que fique sem força
política dentro do Congresso por quatro anos e um conjunto de parlamentares
mostrando serviço aprovando uma série de reformas econômicas é a estratégia de
Maia para cacifar o DEM para as eleições presidenciais de 2022, algo que para
Maia seria mais interessante do que paralisar economicamente o governo ( o que
a não aprovação do crédito suplementar de 250 bi faria), pois isso apenas
atrasaria o protagonismo do Congresso na retomada do crescimento do país e ao
mesmo tempo uma eventual pedalada ou processo de impeachment contra Bolsonaro
apenas insuflaria agitações sociais e a subida de um general (Mourão) a cadeira
presidencial)
Essa
é a estratégia de Maia que sabe que mesmo não consiga derrotar Bolsonaro em
2022 através de um candidato (provavelmente Dória) mesmo assim poderá agir da
mesma forma por mais 4 anos. Outro ponto nessa variável é que dificilmente os
militares apoiariam a reeleição de Bolsonaro caso ele insista até 2022 em
permanecer aliado do olavismo e sem formar uma base política no Congresso.
Naturalmente nomes como Guedes e em especial Moro seriam os escolhidos para
representar uma direita mais moderada, enquanto cada vez mais o presidente,
nesse cenário, estaria isolado politicamente dentro do Congresso e cada vez
mais identificado com o olavismo.
Ou
seja, em todos os cenários possíveis essa manifestação e a insistência de
Bolsonaro em não formar uma base política no Congresso e continuar alinhado ao
grupo dos olavetes vai deixá-lo cada vez mais imobilizado na presidência,
restando insistir em chamar as pessoas para as ruas o que tende a gradualmente
enfraquecer, sobretudo se o Congresso conseguir passar as reformas econômicas
que deseja
A
única, única saída do presidente é TRABALHAR, fazer POLITICA dentro do regime
presidencialista, parar de atiçar as ruas e de dizer que não pode governar,
aceitar o jogo democrático como ele é, formar uma maioria simples no Congresso
e começar a governar, qualquer tentativa fora disso ou que estimule algo fora
disso é um tiro no pé e que só vai atrasar a capacidade política do presidente
de governar
Não
há como governar pelo twiter ou achar que as ruas farão a articulação política
que ele não tem feito na sua base. Já falei aqui, tem que por a Joice na
articulação com o Congresso, pacificar o PSL, negociar homem a homem com os
elementos da bancada ruralista, da bala, dos evangélicos e procurar atender,
dentro dos limites republicanos, as demandas da bancada mais fisiológica que é
o centrão, visto que o único grupo que realmente não tem como o governo tirar
da oposição é o grupo de 140 parlamentares do pt, psol e satélites marxistas.
Se
o presidente joga o centrão todo no colo do Maia e não forma nem uma base com
aqueles que ele ajudou a eleger, então como ele espera aprovar as coisas no
Congresso? Na base do grito, do xingamento, com os pitbulls de twiter? Com a
seita olavetana que acha comunista qualquer um que discordar uma vírgula do
guru desbocado da Virginia?
Tá
na hora do presidente escutar os militares e a ala sensata da direita e começar
a trabalhar, parar de fazer "nós contra eles" com o Congresso e
começar a unir a sua base e iniciar um grande dialogo de conciliação com o
Congresso e com o povo pelas reformas como foi feito na época do plano real,
sem isso o governo vai naufragar nas mãos de um parlamentarismo branco, pois se
o presidente abre um vácuo de poder, o Legislativo toma conta e não adianta
gritero na rua e twet malcriado ou se achar enviado de Deus que isso não vai
mudar a posição dos parlamentares.
Por
isso eu e vários outros da direita não apoiamos essa manifestação do dia 26,
manifestação essencialmente organizada por olavetes e que em nada vai
contribuir para a harmonia dos poderes e para o governo do presidente, pelo
contrário, vai enfraquecer ainda mais o presidente diante do Congresso.
Bolsonaro
tem tudo para fazer um bom governo, não é difícil unir uma base de 310
parlamentares, sendo que 210 já se mostraram dispostos a participar do governo.
Mas isso só vai acontecer com dialogo e política dentro do Congresso e não com
griteiro contra o centrão ou maluquices messiânicas antidemocráticas de gente
que nunca foi cristã ou conservadora, mas essencialmente marxistas de direita.
Essa
manifestação do dia 26 apenas vai ajudar a afundar politicamente o presidente
dentro do Congresso. O que realmente vai fazer com que ele consiga governar é
formar uma base política no parlamento, romper formalmente com a seita
olavetana e começar a tomar pra si o protagonismo político para o qual foi
eleito, não porque seja um messias ou um enviado para ser o imperador do
Brasil, mas pelo voto de milhões para exercer um mandato dentro do regime
democrático e dentro dos protocolos republicanos permitidos. Qualquer coisa
fora disso é afundamento político.
Olavo
versus militares - Vamos entender o que está acontecendo:
O
projeto absolutista olavista versus os militares:
As
previsões trazidas desde 2014 sobre a geopolítica do Brasil cumpridas nos
últimos anos:
2 comentários:
Não adianta apenas ficar postando essas informações neste blog, o verdadeiro trabalho a ser realizado é fazer com que essas informações cheguem até o presidente de forma integral, é ainda, solicitar resposta do mesmo em função dos riscos apontados no texto.
Fala José sou muito seu fã e acompanho seu blog desde os posts sobre dragões, magos negros e projeções astrais. Respeito sua opinião mas, creio que, não é porque um político não tenha processos por corrupção que ele seja honesto, Bolsonaro pertence a velha política tanto queestava a 28 anos fazendo de profissão o cargo de deputado, não aprovando sequer um projeto, também levou todos os seus filhos pro mesmo métier que o dele.Somente a boa vontade e "honestidade" do Bolsonaro não são suficientes para governar o país, ele é um político extremamente despreparado em todos os sentidos e acredito não mudar durante estes quatro anos.
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